segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Vinhos de garrafão por Carlos Mayer


Segundo dados da Ibravin, Instituto Brasileiro do Vinho, em 2009 apenas um sexto do vinho produzido no Brasil foi de uvas viníferas, a outra parcela é elaborada a partir de uvas não viníferas, que são utilizadas na fabricação dos vinhos de mesa, também conhecido por vinho tipo colonial, vinho comum, chapinha, ou vinho de garrafão entre outros apelidos carinhosos. Ou seja, de cada cem litros de vinho produzidos, oitenta e quatro são de vinho comum.


Já ouvi pessoas dizerem que vinho de garrafão nem vinho é, mas acho injusta essa afirmação. Tudo bem que a qualidade é baixa, o vinho é simples e não possui nenhuma das características que se espera de um bom vinho, mas o fato é que se trata de fermentado do mosto de uvas, etc. etc. etc. Assim como todo vinho. Logo, legalmente vinho de garrafão também é vinho, e tem gente que gosta! O vinho de garrafão está inserido na cultura enológica brasileira (mesmo que esta seja ínfima) desde sempre. Quando o primeiro Nono italiano plantou uva no Brasil, o que ele tinha disponível era uva Isabel, e foi assim durante muito tempo. Aprendemos, creio que a duras penas, por necessidade, a gostar desse tipo de produto. O vinho de mesa movimentou a economia e foi o inicio da indústria do vinho no Brasil.


Mas antes que alguém me presenteie com uma garrafa dessas no Natal, quero deixar claro que não estou defendendo a fabricação dos vinhos de mesa, e muito menos gosto de bebê-los. Estou apenas reconhecendo a importância que esse tipo de vinho teve e ainda tem na indústria vinícola e no dia-a-dia da maioria da população. Acredito que ele deve ir desaparecendo aos poucos, o que representaria um aumento da qualidade do que é ofertado no mercado. Para isso, é preciso que haja um esforço da indústria, comércio e também do consumidor, no sentido de valorizar os vinhos finos. À medida que mais produtores optarem pela produção do vinho fino, os preços tenderão a cair e mais gente terá acesso a produtos melhores.

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